Como você se define politicamente?

08/05/2023 19:07

Como você se define politicamente?

Em uma geração marcada por cliques, repercussão de notícias e debate de opiniões, é comum que o protagonismo seja dos assuntos polêmicos. Mas, no que compete à vida real, o que se destaca é o chamado conservadorismo.

Enquanto tentam defini-lo como um movimento recente, uma onda que logo se dissipará ou a linha base de um viés político, a verdade é que o conservadorismo tem por fundador Edmund Burke, no século 19, que inspirou tanto conservadores quanto liberais. O conservadorismo se fundamenta na crença de uma ordem moral duradoura e é guiado pelo princípio da prudência, entre outras boas virtudes. Isso faz parte da identidade da imensa maioria dos brasileiros.

Respeitamos as tradições, amamos a cultura e temos prazer em anunciar quando algo é típico de nosso local de origem. Isso não significa que tudo seja perfeito, mas prezamos por conservar as raízes que nos identificam como um povo livre, alegre, trabalhador, resiliente e de fé. Isso também é visto na tomada de decisões. O atual Congresso Nacional, por exemplo, é formado majoritariamente por parlamentares com posicionamento mais conservador. Tal formação não ocorreu por acaso, mas pelo voto direto de brasileiros que permanecem convictos sobre qual deve ser o perfil de quem vai votar e aprovar ou não as futuras leis do País.

Falando nisso, nos últimos anos, muitas pautas se acumularam no Congresso e, quando ensaiam sair do papel, há um nítido alvoroço. Um exemplo é o Projeto de Lei nº 2.630, de 2020, cujo relator é o deputado Orlando Silva (PCdoB). Inicialmente chamada de PL das Fake News, o projeto recebeu o apelido de PL da Censura por trazer a interpretação de ameaça à liberdade ao impor que alguém – sabe-se lá quem – monitore perfis e publicações e defina o que é verdade ou mentira. Seria a instituição do Ministério da Verdade?

O Panorama Político, elaborado pelo Instituto de pesquisa DataSenado, indica como deve ser a atuação parlamentar de acordo com o posicionamento da sociedade. No levantamento para 2023, 58% dos brasileiros se declararam contra a interrupção da gestação quando ela não apresenta risco à vida da mulher, seja decorrente de abuso sexual ou em caso de anencefalia fetal. Essa porcentagem se eleva em outras pesquisas, como a realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), que indica que 70% da população é desfavorável à legalização e descriminalização do aborto.

Já o levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) apresenta dados semelhantes em relação a temas considerados polêmicos e que vira e mexe entram em debate: 53% da população é contra a pena de morte, enquanto 72% é favorável à redução da maioridade penal para 16 anos; quanto à descriminalização ou legalização do uso de drogas, 75% dos brasileiros alegam que são contrários à ideia.

Tais pesquisas não são um plebiscito ou um referendo, mas sua existência destaca que pautas mais conservadoras nem sequer precisam de um levantamento entre a população para se descobrir se serão bem-vistas. O próprio Panorama Político indica que a esperança da sociedade quanto à atuação dos parlamentares é que eles foquem em medidas ativas em prol da saúde (26%), do combate à corrupção (17%), da educação (15%), do custo de vida (14%), do emprego (11%) e da segurança pública (11%). Será que os parlamentares têm pensado em projetos nessas áreas que os brasileiros realmente querem?

Vale lembrar que, apesar de a sociedade ser predominantemente conservadora em relação aos costumes, é liberal no que se refere à economia. Afinal, é inegável que a maioria dos brasileiros deseja que o País se desenvolva economicamente para proporcionar mais empregos e renda.

Em outras palavras: se quer equilíbrio, mantendo intocado aquilo que dá certo e que o País se modernize no que realmente é necessário, sempre se espelhando nas democracias verdadeiras.

Obviamente que divergências são esperadas em uma população tão grande e heterogênea, mas a maioria sempre é vista como referência. Essa é a base da democracia, em que o poder emana do povo. É assim que o País deve avançar no que realmente importa e no que agrega algo a ele. Mas e você, leitor, como se define politicamente?